Numa leitura rápida dos argumentos apresentados durante o último embate eleitoral, me permito emprestar com humildade, do professor Isaac Asmiov, algumas ideias de seu ensaio escrito em 1980, sobre o culto à ignorância. Nele, Asimov critica o culto à ignorância e o “anti-intelectual” que segundo ele, se justifica através de uma premissa falsamente atribuída a democracia, bastante utilizada pelos políticos na atualidade. Esta premissa diz maiso ou menos o seguinte: “Minha ignorância é tão boa quanto seu conhecimento”.
Com isso, o discurso político, acabou maltratando a língua portuguesa, desfigurando a ciência, e distorcendo a verdade, para agradar audiências eleitorais dos dois candidatos. Slogans como “Não confie nos especialistas” encontram eco na sociedade brasileira, que desquaifica de certa forma a opinião de seus intelectuais. Consequentemente, é rotúlo de “Eliticita” é atribuido num tom irônico e desconcertante aos intelectuais que ousam manifestar seu livre pensamento, em favor das ideias deste, ou daquele candidato.
Recentemente, numa entrevista ao UOL, um jornalista perguntou à um doutor em sociologia, sua opinião enquanto cientista, sobre um determinado fenômeno eleitoral, ocorrido no primeiro turno das eleições presidenciais. A resposta deste especialista, não foi apenas tirada do contexto, por seus adversários, mas usada nas redes sociais, para o propósito de desinformar e confundir o eleitor.
O culto à ignorância, está tomando conta da sociedade, onde encontra na cultura do jeitinho, um terreno fértil para prosperar. Asimov, em seu ensaio, culpa a mídia e o governo por permitirem a disseminação da desinformação e da ignorância, que encontra abrigos seguros, nas cabeças deseducadas, ou nas que encontraram numa determinada ideologia, uma verdade absoluta.
É deprimente, para dizer o mínimo, ver nossa cultura, se posicionando na contra mão do movimento civilizatório, permitindo a depredação do patrimônio intelectual, ridicularizando os intelectuais “Metidos” e promovendo a futilidade e ignorância.
É preciso mudar esta realidade, perguntando como sugere Asimov, sobre quando a ignorância fez sentido e se é razoável desvalorizar a intelligentsia, a rotulando de “elitista”?
Pessoalmente como Azimov, acredito na capacidade do ser humano, que em condições normais, pode aprender muito sobre o que quiser, se tornando assim, um intelectual surpreendente. Entretanto, isto somente será possível, quando houver uma aprovação social (mudança de consciência), ou mudança cultural, em favor da intelectualidade.
Se não houver uma mudança drástica neste sentido, nossa cultura, que já está a deriva, corre um sério risco de perder suas raízes e continuar flutuando, sem encontrar seu lugar na civilização moderna. Para isso, penso eu, precisamos abdicar ao nosso culto à ignorância em
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