Gestão e Saúde das Organizações: entre a habilidade do curandeiro, do generalista e do especialista

Uma das maiores dificuldades de uma organização é saber processar o alinhamento entre os objetivos estratégicos, modelo de negócio, modelo de gestão. Muitos executivos não conseguem identificar-se com o conceito e o papel do alinhamento, que é a transformação de visão dos shareholders em realidade, através de um modelo de negócio adequado e de uma gestão competente. Tudo isso depende de uma série de recursos. Contudo, o mais importante é a própria razão da organização: o ser humano.

Já dizia o ditado popular: “um bom general é reconhecido pela qualidade de seus oficiais”. Esse mesmo ditado também se enquadra no espírito das organizações.

As empresas possuem uma área específica para selecionar e capacitar bons profissionais para enriquecer seus quadros, do mais simples servidor ao mais alto executivo. É assim, através de um time de pessoas competentes, a organização consegue transformar os objetivos estratégicos em resultados e garantir a perenidade da instituição.

O grande desafio dessa área de recursos humanos é colocar as pessoas certas no lugar certo para estimular a sincronia entre as diferentes engrenagens para  gerar sempre bons resultados com sinergia.

A prática na maioria das organizações profissionais, principalmente as que integram a lista das 500 + no ranking da revista Exame, visa a privilegiar a competência certa para a posição exata, no sentido de promover a grande diferença para o modelo de gestão, que combinado a outros fatores pode alavancar a posição competitiva da empresa no mercado. Não basta ter apenas competência, dizem os especialistas, pois esta deve estar acompanhada de habilidades a atitudes para que o profissional tenha boa  avaliação. Desta forma, um bom profissional precisa congregar ao conhecimento teórico mais dois elementos: o saber fazer (experiência) e o saber agir (inteligência emocional).

Vias de regra, depara-se em muitas organizações, sobretudo as de médio e pequeno porte, com situações inusitadas, que contrariam a lógica convencional sobre as boas práticas de gestão acima mencionadas. Esse diagnóstico é mais aparente no aparto do estado onde, ironicamente por questões políticas, nomeia-se um quase iletrado para um cargo diretivo importante apenas por ter prestado favores políticos a alguém. Mas, infelizmente, essa realidade existe também em empresas e organizações privadas, sobretudo as do tipo familiar, entre outras de médio e pequeno porte.

Os sinais vitais da organização podem ser mensurados não apenas pelo seu resultado financeiro, como também pelo clima organizacional, propriedade intelectual, grau de inovação e, principalmente, pelo ativo humano/conhecimento que as integra. Pessoalmente, acredito que este último é o mais relevante de todos por catalisar os outros elementos. Por isso que, em muitas empresas, a saída ou o ingresso de um determinado profissional considerado chave pode afetar diretamente os valores de suas ações no mercado.

Como gosto muito de metáforas, vou tentar definir, de forma reducionista três categorias de gestores:

1-    O curandeiro: nenhuma formação teórica (conhecimento formal); Nenhum treinamento informal (conhecimento prático)  e atitude inadequada.

2-    O generalista: possui formação teórica não especializada (conhecimento formal não-especializado); pouco ou nenhum conhecimento prático sobre o assunto específico; Possui conhecimento genérico, possui atitude adequada. Em resumo, sabe um pouco de tudo.

3-    O especialista: possui formação teórica especializada, experiência prática sobre o tema e possui atitude adequada; Conhecimento sistêmico. Resumindo: Sabe muito sobre o objeto.

Um bom exemplo para essa classificação pode ser a medicina, onde as três categorias aparecem com mais evidência. O curandeiro seria aquela figura que se autoproclama conhecedor das curas por intermédio de procedimentos espirituais e ou através do uso de alguns métodos não reconhecidos pela ciência. Já o  generalista  pode ser equivalente ao clínico geral, enquanto o especialista é aquele que vai além da clínica geral e estuda, com profundidade, uma determinada especialidade da medicina.

Evidentemente, eu não estou qualificando ou desqualificando nenhuma das profissões citadas e usadas apenas para ilustração. Reconheço também de que toda comparação tem suas limitações.Entretanto, vale lembrar de que na organização, como na vida, quando a questão é sobrevivência, o importante é o investimento em recursos humanos, e não se pode recorrer a qualquer procedimento, mesmo quando desesperado. Por isso, é prudente zelar e manter especialistas em posições adequadas na estrutura organizacional, principalmente nos momentos em que a organização passa por um problema de saúde muito sério. Já pensou fazer uma cirurgia plástica com curandeiro ou uma cardíaca com um clínico geral? Você pode até sobreviver, mas a que custo?Pense nisso, antes que sua organização seja condenada ao sepultamento prematuro. Agora, se você ao ler esse artigo identificar que a maioria dos quadros de sua estrutura se encaixa nas descrições dadas para as categorias 1 e 2, desculpe-me, meu caro, procure a UTI organizacional mais próxima, porque o fim está próximo….

Corra antes que seja tarde!

 

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